Dehumanization

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Sabe...
Lembrei duma coisa de infância agora...

Quando éramos pequenos - eu tinha uns quatro ou cinco anos, meus irmãos e eu costumávamos pular o muro dos fundos e ir pra casa dos vizinhos (com quem não parávamos de brigar e também não desgrudávamos uns dos outros)...
Me recordo dum livro que sempre via por lá. Cheio de gravuras a respeito do inferno. Não me recordo do título ou da capa, me recordo de algumas poucas gravuras e mais intensamente da interpretação de minha irmã para as gravuras.

Foi por causa desse livro que eu parei de fazer daquelas bolhas de cuspe que algumas crianças estranhas fazem, bem devagar e grandonas, sabe?
Minha irmã apontou uma "foto" do diabo de turbante sentado à beira duma montanha observando o horizonte e disse que era ele quem fazia isso.
Nunca consegui perceber a bolha de cuspe, mas se minha irmã falou, ok.
Ela era grandona. Devia saber o que dizia... ( Parei de fazer as bolhas, mas dias e dias seguiram-se em que eu sentava à beira da cama, punha uma caixa na cabeça e ficava imitando o diabo em sua pose de observação...[ha ha ha ha ha ha...])

Tinha também uma do diabo deitado ao lado de uma criança e minha irmã me explicou que o diabo havia tido um filho, e aquele era ele ( E eu com aquela cara de "Nossa! O diabo tem um filho...." como se fosse  o filho do diabo uma criança pra se ser amigo e brincar e coisa assim…)

Recusado! / Rejected!

Também Recusado! / Rejected Too!

Mas tudo isso é por causa da lembrança mais forte pra mim nesse episódio.
Eram as gravuras dumas pessoas transformadas em árvores, essa seria sua condenação eterna e na "fotografia", haviam demônios com machados empunhados e iriam cortar aquelas pessoas e atirá-las ao fogo.
Conjecturas minhas na época: "Ah, virar árvore até que não está mau... ruim é ser lançado no fogo..."

Essa gravura para os amigos do Dehumanization (myspace!), a respeito dum estado de espírito moderno mais coletivo me trouxe todas essas memórias bem legais.
Aprecio agora ainda mais ao trabalho do Dehumanization por conta disso... dessas memórias que me despertou.

Seria uma felicidade de arrancar lágrimas, poder ver aquele livro outra vez…

Bem, sobre como foi feito tudo no desenho, não vou comentar, é igual sempre, exceto que tive de fazer uns cinco esboços pra no final, primar pelo mais simples. 

Se me dá licença, para matar saudades, vou pra minha cama, pôr uma caixa na cabeça e imitar o diabo uma outra vez. 

À todxs,
Beijo e Liberdade

E bolhas de cuspe.
Bem grandes e feitas bem devagar...

[ Trilha sonora desta postagem: Rosetta, com o álbum duplo combinado, "Galilean Satellites" ]